Por Karime Loureiro, colunista VemTambém
Todos conhecemos a história de Jesus transformando água em vinho em Canaã, conforme narrado no Evangelho segundo São João. Afinal é o primeiro dos sete sinais milagrosos pelos quais sua divindade é atestada e em torno dos quais o evangelho é estruturado.
Na tradição judaica, por exemplo, um casamento não pode ser realizado sem uma bênção sobre o vinho. Se Jesus não tivesse transformado a água em vinho, não haveria casamento.
Na liturgia judaica, aliás, a bênção sobre o vinho e um gole dele é um elemento fundamental de quase todos os rituais. Nem o casamento nem a circuncisão podem ser realizados sem vinho; o sábado não pode ser bem-vindo sem vinho; um jovem não pode se tornar Bar Mitzvah sem vinho.
É importante lembrar que realmente não entendíamos como o vinho era feito – como o açúcar da uva era transformado em álcool pela levedura – até Pasteur descrever a fermentação pela primeira vez em meados do século XVIII.
Para os antigos, a videira e o vinho estavam entre os maiores presentes de D’us (ou dos deuses) para a humanidade.
Considere a escassez de água potável na Idade do Bronze. A videira, que floresce mesmo em condições desfavoráveis (e, de fato, como sabemos hoje da vinificação fina, produz frutos ainda mais ricos quando estressada), fornecia alimento e saciava a sede quando a água não estava disponível.
O vinho era uma bebida que se podia guardar e que se podia levar num navio para uma longa viagem. Basta pensar no papel que o vinho desempenhou na expansão grega e romana.
A viticultura e a produção de vinho foram de extrema importância no crescimento da civilização. Qual foi a primeira coisa que Noé fez depois do dilúvio? Ele plantou videiras e fez vinho.
Ao comemorarmos a ressurreição de Jesus Cristo, acabamos por relembrar a Santa Ceia, momento registrado por muitos artistas, como Leonardo da Vinci, onde os principais alimentos servidos à mesa são o pão e o vinho. O pão e o vinho, principalmente na antiguidade, eram a comida e bebida mais consumida entre muitos povos. De acordo com relatos bíblicos, Jesus ao instituir a eucaristia, se serviu dos alimentos mais simples para simbolizar sua presença constante entre as pessoas de boa vontade.