O burburinho se inicia alguns dias antes, com a ornamentação da cidade. Bandeirinhas, palcos, além de barracas de comida e bebida. Os participantes se preparam para os festejos com a aquisição de martelinhos de plásticos. Infelizmente, substituíram os tradicionais alhos-poró, que trariam sorte, usados para “martelar” os passantes. Outra tradição da festa é ofertar ramos de manjericão, chamados manjericos, com ensejos de saúde, sorte e fortuna, ou em outra intenção, a paquera! Soltar balões, pular fogueiras, “êta São João danado de bão”! São tradições que foram mantidas ao longo dos séculos. A respeito dos balões, conta-se que serviam para avisar do início da festa, ou para cultuar o sol, e das fogueiras, a purificação e a proteção contra os maus espíritos. As simbologias se mantiveram e são vivenciadas até hoje em nossos “arraiás”. Marquei encontro com alguns familiares, que para cá vieram, na Praça da Liberdade, onde os festejos já estavam bem animados. Esta praça, considerada o coração da cidade, é onde está a Câmara Municipal, além da estátua equestre de D. Pedro IV. Seguimos para a Estação São Bento. Aqui não deixamos de apreciar a Sala dos Passos Perdidos, com seus belíssimos painéis de azulejos. Descemos pela Rua Mouzinho da Silveira em direção à Ribeira, viramos à esquerda na concorrida Rua de São João e seguimos até alcançarmos o Cais da Ribeira. Proporcionando um belo visual, tendo ao fundo Vila Nova de Gaia e a Ponte Luís I sobre o rio Douro, é aqui o local de maior concentração. Ficamos na Praça da Ribeira, com sua intrigante fonte, em que um imenso cubo parece ser sustentado por jatos d’água.
Sempre recebendo algumas “marteladas”, parávamos para saborear as irresistíveis sardinhas e pimentões na brasa, além de outras comidas típicas portuguesas, ou para vermos e ouvirmos, danças e músicas, numa alegria espontânea e contagiante. Durante os festejos são contratadas bandas para apresentações ao ar livre e organizados bailes em alguns clubes privados. O cheiro de sardinha assada domina o ar. No céu, centenas de balões são como estrelas que descem juntas, para mais de pertinho, participarem dos festejos.
O ápice da festa é o espetáculo, à meia noite, de fogos de artifício, às margens do rio Douro. Mas a festa não acaba aí, os jovens permanecem nas praças, onde são apresentados shows musicais ou caminham até a foz do rio para apreciar o nascer do sol na praia.
Pratos típicos do Porto
Durante o São João do Porto, as barraquinhas dispostas ao longo das ruas oferecem o que há de mais típico da culinária local.
Encontramos com facilidade a tradicional Francesinha, um calórico sanduíche, composto de vários tipos de carne e embutidos, cobertos por uma generosa porção de queijo derretido, e, por vezes, acompanhado de ovo e batatas fritas, além de um molho picante. Foi uma invenção do senhor Daniel Silva que, após ter residido em Paris, fez uma versão do croque-monsieur, e batizou o prato em homenagem às “mulheres picantes da França”.
Outra receita do Norte de Portugal, cantada até no fado, é o Caldo Verde, que, verdinho e a fumegar na tigela, é uma tradição que remonta ao século XVI, quando os trabalhadores utilizavam os ingredientes mais facilmente encontrados na região. O caldo verde é uma sopa espessa e saborosa, composta de couve, batata e linguiça portuguesa.
As tradicionais sardinhas portuguesas, fresquinhas e assadas na brasa, possuem um incrível sabor e, além de saudáveis, compõem os cardápios de bares e restaurantes.
A receita do Bacalhau à Gomes de Sá foi idealizada por José Luís Gomes de Sá Júnior, natural da cidade do Porto, no final do século XIX, e tem sua receita original registrada. Um prato saboroso que tem como ingredientes: postas de bacalhau, batatas, alho, cebola, ovos cozidos, azeitonas, salsinha e azeite de boa qualidade. Em sua elaboração, as postas de bacalhau, já demolhadas, são cobertas com leite quente durante cerca de duas horas. O alho e a cebola são dourados no azeite. As batatas, já cozidas, são cortadas em rodelas e misturadas com as lascas de bacalhau que foram retiradas da imersão no leite e, junto com o alho e a cebola, transferidas para uma travessa. Leva-se ao forno por cerca de quinze minutos. Antes de servir, acrescentam-se azeitonas pretas, salsinha picada e rodelas de ovos cozidos. Uma importante orientação do autor da receita: o prato deve ser servido quente, bem quente!
A VemTambém recomenda: fique em casa e siga as normas de segurança recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para logo retomarmos nossa rotina normal.