Por Fabio Santana para a Revista VemTabém, 10ª edição
Na encosta íngreme das montanhas da Costa Almafitana, ao sul da Itália, encontra-se uma pequena cidade, que pela incongruência do local, não se sabe como se desenvolveu. Assim é Positano, às margens do mar Tirreno, fundada no século IX.
O acesso se dá pela Strada Statale 163 Amalfitana. Construída em meados do século XIX e apelidada de Nastro Azzurro. Bastante estreita, é formada por várias curvas e alguns tornantis, curvas fechadas de 180º. Serpenteando entre penhascos e montanha, oferece vistas esplendorosas.
Além de estreita, esta via de mão dupla, é utilizada pelos residentes como estacionamento. Param os carros à beira da estrada, à beira mesmo, pois não podemos chamar este exíguo espaço de acostamento, e, para incrementar mais a emoção, não pense que dirigindo em baixa velocidade você esteja tranquilo, não! Os moradores locais não têm muita paciência. Se você vier devagar ouvirá estridentes buzinadas e sentirá o carro detrás praticamente colado com o seu. Não é a toa que vários carros apresentem arranhões, amassados e mesmo ausência de retrovisores.
Mas, a singularidade e o inusitado da região valem a visita. A cidade de tão íngreme oferta amplas extensões de calçadas em declive e escadarias para os pedestres.
Nas lojas encontram-se uma fartura do artesanato local, principalmente as cerâmicas com pinturas enaltecendo a paisagem local e os limões da Costinera Amalfitana.
Por falar em limões, os aqui encontrados, um parente do limão siciliano, o Sfusato Amalfitano, são mais aromáticos e saborosos, sendo protegidos pelo Consorzio di Tutela del Limone Costa d’Amalfi, IGP. Os limões são utilizados para a produção dos mais diversos produtos, como geleias, sorvetes, sabonetes, essências e para a feitura do tradicional Limoncello, um licor usado como aperitivo ou digestivo, feito com limão, álcool, água e açúcar.
Chegando à cidade, desci pela estrada e escadas tortuosas e estreitas até a Marina Grande, extensão litorânea com barracas, guarda-sol e restaurantes. À noite fui jantar, “morro a cima”, em um típico restaurante familiar. Uma fartura, com entradas, queijos, vegetais, finas massas e carnes, finalizado com uma maravilhosa sobremesa. Os vinhos servidos, tanto o branco, como o tinto, tinham no rótulo o nome do restaurante La Tagliata. Aqui, o nono e a nona, a mama, filhos e netos trabalham em harmonia e singeleza.
O dia seguinte foi reservado para conhecer a Ilha de Capri, um exclusivo balneário italiano. Segui para Sorrento, de onde partem os barcos para a ilha. Na volta passeei pelas ruas e comércio de Sorrento, onde adquiri uma garrafa de vinho produzido com a uva Aglianico, típica da região. Trazida pelos gregos, esta uva, cultivada em solo vulcânico e sob o sol da região, bem se adaptou ao que podemos chamar de terroir vulcânico. São vinhos encorpados e com taninos fortes, boa acidez e aromas que variam desde frutas negras até chocolate . Possui bom potencial de guarda. A harmonização se faz com massas ao molho de tomate e carnes vermelhas.
Sentado no terraço do quarto do hotel, com a vista deslumbrante da costa por todos os ângulos, degustei o Aglianico ao pôr do sol, com o frio de final de inverno compondo a magia do bem viver. À noite desci novamente pela encosta para degustar algumas das especialidades locais, como peixes, crustáceos e frutos do mar. Saboreei um delicioso Scialatielli all’Amalfitana. Alguns restaurantes possuem mesas do outro lado da estrada, oferecendo ao cliente uma vista maravilhosa, porém, os ágeis garçons, além de equilibrar as bandejas, ainda são obrigados a driblar os carros e as scooters.
O prato: Scialatielli deriva de scialare, desfrutar, com tiella, panela, e é um macarrão mais curto e mais espesso que o spaghetti, além de ter forma irregular, geralmente é produzido artesanalmente nos próprios estabelecimentos. Em sua elaboração, além da farinha de trigo e do azeite, entram leite, queijo parmesão, pimenta e manjericão.
Sendo um prato típico da Costa Amalfitana, tem com os frutos do mar o casamento perfeito. Em uma panela, tiella, refoga-se o alho no azeite, e acrescentam-se os frutos do mar, alcaparras, tomates cerejas e azeitonas. Despeja-se na panela a massa al dente e, ao servir, nos coloridos e poéticos pratos da artesania local, coloca-se por cima a salsinha picada.
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