Por: Joaquim Cartaxo – Arquiteto Urbanista e Superintendente do Sebrae/CE
A pandemia do Covid-19 ocasionou impactos à maior parte dos setores econômicos mundiais. Dentre as atividades que compõem tais setores, a mais penalizada foi a turística. A Organização Mundial do Turismo (OMT) anota que restrições a viagens impactaram negativamente próximo de 96% de todos os destinos turísticos do planeta. Do total de US$ 1,5 trilhão de receita gerada pelo turismo no mundo, em 2019, a OMT prevê o declínio entre US$ 300 bilhões e 450 bilhões em 2020.
No Brasil, a pesquisa do Sebrae, realizada entre 3 e 7 de abril, identificou que 72% dos pequenos negócios do turismo entrevistados interromperam o seu funcionamento; 17% mudaram de negócio; e 4% fecharam definitivamente.
Estes números ganham ainda mais magnitude quando se sublinha a potência socioeconômica do turismo, que congrega e mobiliza trabalhadores e empreendedores de mais de 50 atividades como hospedagem, transporte, comércio, bares e restaurantes, confecção, receptivos turísticos, empresas de evento, indústrias de alimento e bebidas e variadas ocupações relacionadas à economia criativa, entre outras tantas.
O que imaginar sobre o futuro do turismo? Examinam os observadores que ele será um dos últimos segmentos a retomar as atividades. Além disso, o temor da contaminação virótica conduzirá as pessoas a evitar grandes deslocamentos e afastar-se de aglomerações. Em razão disso, a primeira onda turística pós-pandemia tenderá ao raio curto, seguido pelo turismo nacional. Será a oportunidade para empreendedores examinarem mercados muitas vezes deixados de lado ou não explorados devidamente: os vizinhos.
O mesmo receio de contágio influenciará os hábitos de consumo no momento pós-pandemia. Visando desfavorecer isso, os estabelecimentos precisarão adotar medidas agudas de higiene e segurança. Estabelecer os pertinentes protocolos e compromissos de procedimento sanitário e comunicá-los adequadamente será um diferencial para os clientes.
O consumidor em geral transporá a pandemia do Covid-19 mais cibercultural, portanto mais conectado. As empresas, sendo assim, serão obrigadas a se adaptar à tendência de que, mais e mais, as escolhas de destino e compra ocorrerão pela Internet.
Além da presença nas mídias sociais e plataformas online, as empresas igualmente carecerão de cuidar do prestígio de suas marcas para além da imagem virtual; precisarão incorporar valores no mundo real, critérios que influenciam as preferências dos clientes: respeito ao meio ambiente, valorização do patrimônio cultural, estima pela comunidade local e enraizamento socioeconômico no território onde estão inseridas.
O poder do menos dominará o presente do futuro. As empresas lidarão com cenários onde haverá menos receitas, por outro lado terão que oferecer produtos e serviços com maior qualidade. Como fazer isso? Será necessário profissionalizar, cada vez mais, a gestão dos negócios: analisar custos e receitas; negociar com fornecedores, ampliar e fortalecer parcerias; conhecer bem os clientes; valorizar e capacitar a equipe de colaboradores; firmar compromissos socioambientais com os territórios onde estão estabelecidas. São ações que podem contribuir para otimizar o funcionamento da empresa, evitar desperdícios e fazê-las ativas no desenvolvimento duradouro do lugar em que operam seus negócios.