Por Liana Cutrim, correspondente da VemTambém na França
Na França, vive-se e desfruta-se detalhadamente cada estação. Temos as comidas típicas de cada uma, os esportes, as roupas, as frutas, as paisagens, as festas, as programações culturais, as cores… Com os vinhos não poderia ser diferente. E com a chegada do sol e do calor, podemos considerar aberta a temporada do rosé, para celebrar a chegada da primavera e do verão, as duas estações mais esperados pelos franceses.
Ao contrário do que muita gente acredita, o vinho rosé não é uma mistura do vinho branco com o vinho tinto. Ele é criado a partir do mesmo processo de vinificação que o tinto , sendo que, o suco permanece em contato com a casca da uva por muito menos tempo. Para se ter uma idéia, é muito comum o suco de uva seja destinado à maceração vermelha por 2 a 3 semanas.
Já para um rosé, geralmente, dura apenas meio dia, o que deixa as peles com pouco tempo para colorir o vinho. No entanto, podemos encontrar rosés com diferentes nuances. Umas mais claras e outras mais escuras, e muitas pessoas acham que esse último, tem uma qualidade inferior, o que não é verdade. Isso se dá ao fato de haver duas técnicas diferentes de vinificação para esse tipo de vinho.
A primeira é a Prensagem direta, onde as uvas pretas são prensadas diretamente e o suco é imediatamente vinificado como um branco, ou seja, fermentado à baixa temperatura. A cor é, portanto, muito clara, e o resultado final, fresco e aromático. A segunda técnica é que pode ser chamada de sangria. Nessa técnica as uvas pretas são vinificadas aqui como para um tinto, com uma maceração em tanque e, embora mais curto que o tinto, dará uma cor mais intensa ao rosé.
Após a maceração, extraímos (“sangramos”) uma certa proporção de suco que será fermentado em outro tanque para obter um resultado mais vinoso e mais colorido. Segundo Marina Giuberti, sommelière brasileira radicada na França, e proprietária da Divvino( @divvinoparis), com duas lojas no coração da cidade, “a tonalidade do rosé é uma questão de moda e de gosto pessoal, atualmente as pessoas gostam de rosés bem claros, quase transparentes, que são bem frescos, o que quer dizer, na linguagem de Sommelier, uma acidez mais alta. Os rosés de tonalidades mais densas, são um pouco mais encorpados e, dependendo da região e do ‘assemblage’, existem excelentes opções.”
O rosé é produzido em diferentes regiões da França, mas os preferidos pelos franceses, são os da região da Provance, onde, dizem, ser seu lugar de origem.
É um vinho fabricado a partir de diversas uvas como a consault, a pinot noir, a syrha, a grenade, a gramay, entre outras. Ele deve ser degustado fresco, em temperatura entre 8 e 10 graus, em taças no formato INAO e, ao contrário do tinto, não deve ser conservado por muito tempo pois, ele perde o seu frescor e acidez com o passar dos anos e, após aberto, deve ser consumido até no máximo 3 dias.
Sendo assim, agora em 2020, degustaremos os vinhos de 2018 e 2019.
Marina também nos explica que, “o melhor critério pra escolher um vinho em regra geral, incluindo os rosés, é o produtor que o faz, e também o local onde você compra, que deve garantir segurança no armazenamento e na importação pra não prejudicar o vinho”.
O rosé mais famoso e queridinho entre os franceses, é o Minuty, pois alia preço e qualidade. É fabricado em Gassin, ao lado da badalada Saint Tropez. Ele custa em torno de 15€, e pode facilmente ser encontrado.
Temos também o Miraval, do Château Miraval, propriedade comprada por Brad Pitt e Angelina Jolie em 2011, localizado em Correns, a primeira vila orgânica da França. Ele foi eleito o melhor vinho rosé do mundo em 2013, é considerado um vinho refinado e elegante. A garrafa de 0,75L custa em torno de 18€
A Marina também nos dá algumas dicas de rosés, como o Le Clos, do Château de Bellet, que é um vinho excepcional, raro , pois, é uma micro produção, apenas 4800 garrafas, 100% braquet, com notas frutadas, marcadas pelo morango do bosque e framboesas. Fica na AOC De Bellet, as únicas videiras urbanas da região, à Sudoeste de Nice. Ele custa em média 30€.
Outras opções mais em conta, sugeridas por ela são, o Château Bellini, o Corail, do Château de Roquefort, e o Château Les Valentines. Todos com preços acessíveis.
Com certeza em 2020 os nosso brindes serão diferentes mas, por aqui ainda temos esperança de poder degustar um bom rosé às margens do Sena ou em algum dos charmosos terraços de Paris, até o final do verão.
A VemTambém reforça: fique em casa neste momento. Em breve poderemos sair, viajar e aproveitar o Verão Francês com muito Vinho Rosé.